quarta-feira, 16 de julho de 2014

Abandono

Eu me sinto tonto e triste. Várias lágrimas vertem dos meus olhos, mas não sinto dor nem raiva, apenas uma tristeza amortecida.
Em um último instinto, um último momento de desejo, me agarro à cintura dela. Sinto seu cheiro, a maciez das suas curvas e aquele sentimento inexplicável de toda vez que a abraço.
Ela apenas me olha. Apática. Com aqueles grandes e lindos olhos brilhantes. Olhos que já olharam dentro dos meus enquanto chorando ela me prometia amor eterno. Olhos que agora eram apenas uma apatia vazia.
Mesmo segurando-a com toda minha força, ela desvencilha-se facilmente de mim, pois toda minha força, já não significa força alguma.
Impotente e de joelhos no chão vi com meus olhos umidamente desesperados o quão linda ela é.
Pena que a visão não durou muito, pois em poucos instantes um chute certeiro no queixo me faz perder a consciência.
No chão, livre da paranóia do mundo real, sonhei que faziamos sexo.
Enquanto compartilhavamos momentos de prazer intenso eu alternava entre cheirar seu cabelo e apreciar aquele rosto perfeito se contorcendo de prazer enquanto minhas mãos se deliciavam em seus seios perfeitos.
No momento em que gozamos, juntos, eramos do tamanho do universo. Nada mais existia, apenas nós dois e aquele momentoe aquele espasmo percorrendo todo nosso corpo e nos inundando de felicidade e esperança.
Depois, em um momento tão curto quanto aquele orgasmo intenso, vi nossos filhos. A vi já velhinha. Senti sua mão enrugada na minha.
No infinitésimo de segundo antes de cair no abismo escuro desejei apenas nunca mais acordar e ver a luz cruel da realidade de novo.

Baseado em um pesadelo.

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